quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

União Desportiva de Várzea vive grandes dificuldades mas continua a formar verdadeiros campeões no atletismo
UM VIVEIRO DE ATLETAS CAMPEÕES SEM TECTO E SEM APOIOS
» Não têm sede, não têm pista, não têm apoios, mas têm muito talento. É assim o dia a dia da União Desportiva de Várzea e dos seus dirigentes, treinadores e atletas. As cerca de quatro dezenas de “corredores” da União Desportiva de Várzea, oriundos de várias freguesias do concelho, têm somado títulos e mais títulos, alguns dos quais nacionais, para a colectividade amadora de Felgueiras que atravessa grandes dificuldades devido à falta de condições de trabalho e de apoios. “Pode dizer-se que em certa medida é um milagre”, diz o presidente Joaquim Machado, com um certo orgulho nos cam-peões mas triste por constatar que a “vida não está fácil para o clube”. Presidente da direcção da União Desportiva de Várzea desde Setembro do ano passado mas ligado ao clube desde a sua fundação, no ano de 1981, Joa-quim Machado lamenta que a colectividade não tenha sede, nem proporcione condições de trabalho aos dirigentes, treina-dores e atletas. A sede que a colectividade possuía estava instalada no rés-do-chão da sede da Junta de Freguesia mas no verão passado o espaço foi cedido ao Centro de Saúde para albergar a Extensão de Saúde de Várzea. “Ficamos tristes mas percebemos que era necessário sair porque a população não iria entender se batêssemos o pé para não sair quando aquele espaço se destinava a um serviço que é muito necessário para a popula-ção”, frisa Joaquim Machado. O problema é que “a documentação anda espalhada e as taças e troféus estão guardados na casa paroquial cedida pelo pároco mas só até ao restauro da casa”. São centenas de Taças e Troféus que ao longo dos anos a União Desportiva foi coleccionando. É o clube do concelho com mais títulos nacionais e certamente com o mais rico espólio. Tudo guardado num espaço cedido por emprés-timo mas que merecia melhor sorte.» UMA DOR DE CABEÇA A falta de uma sede própria é a grande dor de cabeça de Joaquim Machado e seus pares directivos. “Já vimos um terreno e há a possibilidade de construir uma sede com apoios claro. Se o proprietário o ceder e se alguém nos ajudar com material, certa-mente conseguiremos a mão de obra nem que seja de atletas que percebem da arte e a sede poderá ser realidade”, adiantou o presi-dente. Mas das ideias à sua concretização vai um longo passo até porque o clube vive com difi-culdades agora acrescidas desde que o subsídio anual foi retirado pela Câmara.» 7500 EUROSFORAM AO AR“As anteriores direcções rece-biam 7500 euros da Câmara o que era uma grande ajuda para fazer face às despesas. Quando assumi a presidência contava com esse apoio mas foi retirado. É uma pena”, lamenta. As despesas fixas da colectividade rondam os 1000 euros mensais. Os dirigentes fazem das tripas coração para angariar esse dinheiro. » VIVE COM PARCOS APOIOSA União Desportiva de Várzea vive das cotas dos sócios, de pequenos apoios e da carolice, arte e engenho dos dirigentes. “Temos uma viatura com 20 anos que nos faz muito jeito porque sem ela era difícil manter o clube. Mas tem 20 anos. Somos con-vidados a participar em provas longe de Felgueiras e temos de recorrer a outras viaturas nomeadamente de dirigentes porque se assim não fosse não poderíamos levar os atletas”, lembra Joaquim Machado. Ao longo da época, o clube é convidado para muitas compe-tições muitas no estrangeiro onde gostaria de marcar presença mas a falta de dinheiro e de condições não o permitem. Mas mesmo as-sim, nas muitas provas em que compete, o Várzea não deixa os seus créditos por mãos alheias. Os títulos somam-se ano após ano e a Associação de Atletismo do Porto tem no clube de Felgueiras o seu maior forne-cedor de títulos. Desde 1981 muitos foram os atletas que pas-saram pelo Várzea. Um pela competição pura e simples, outros porque gostam de atletismo, outros ainda porque queriam singrar. E conseguiram mas noutros clubes porque o Várzea não lhes oferece condições de futuro. “Somos um clube de formação e não podemos com-petir com outros que oferecem salários a atletas. Eles acabam por sair porque aqui não têm as mesmas condições que vão ter noutros clubes como o Maratona, o Braga ou o Sporting”. Embrulhado num mar de incer-tezas e de problemas, o pre-sidente da União Desportiva de Várzea, Joaquim Machado, re-corda que o atletismo é “o parente pobre” do desporto em Fel-gueiras mas, na sua opinião, isso é uma injustiça. “Temos títulos nacionais, temos grandes atletas, formamos gran-des atletas, temos história, mas não temos apoios. Imagine-se a União Desportiva de Várzea com apoios?”.


« In Semanário de Felgueiras»

Sem comentários: